Tudo que existe tem dois lados, um bom e outro ruim e no
mundo dos cadeirantes não poderia ser diferente.
Nem todos os casos tem as mesmas limitações, no meu tudo
acaba se tornando mais difícil devido a minha grande limitação física, e por
isso deixei de fazer muito do que queria fazer. É quando eu fico puto da vida.
Tento ter autocontrole, o que é difícil pra caralho, mas
tenho que tentar porque não vou mudar os fatos. Tenho uma doença rara e sou
obrigado a conviver com ela, e com a cadeira.
A maior merda que enfrento é a falta de acessibilidade.
Tenho que fazer planos mirabolantes para sair de casa, é como ir para a guerra.
Preciso mapear onde vou, se tem escadas, se tem espaço suficiente para a
cadeira, se tem rampa de acesso, e ainda tem a pior parte que é botar uma
cadeira de rodas dentro do carro. São duas coisas que não foram feitos um pro
outro.
E ainda dou graças a Deus por ter o carro, porque senão
imagina a merda... e para quem tem cadeira motorizada aí é pior ainda, elas são
grandes e pesadas, e quem as faz tenho total certeza que não se pensa sobre
isso na hora de construí-las.
Durante o dia devemos vencer vários obstáculos, e eles só
podem ser superados com muita vontade, e na maioria das vezes precisamos de
ajuda para simples coisas, ainda bem que existem pessoas para nos ajudar. Sabe
é a pior parte depender dos outros, tem horas que seria melhor podermos fazer
as coisas sozinhos, mas não é possível, e muitas vezes descontamos a nossa
falta de capacidade em quem mais nos querem bem, ou seja a família.
Ser um quatro rodas não é nada fácil, se desse já teria
deixado de ser, tem dias que ser um é uma porcaria, e a pior parte de tudo isso
é ser um, nos resta aprender a viver assim e ser feliz.