Pessoal, hoje estou trazendo para vocês uma postagem bem diferente aqui no blog que é a entrevista que fiz com uma colega cadeirante e blogueira, a Paula Oliveira de 24 anos. Ela tem um blog muito bacana chamado Ô Essa Menina o qual eu recomendo muito, onde ela conta as suas experiências e perspectivas enquanto cadeirante. A Paula já teve a oportunidade de fazer duas viagens internacionais, uma para o Canada e outra para a Irlanda. Nesta entrevista ela vai nos contar um pouco de como é ser cadeirante, de suas experiências fora do Brasil e nos tirar algumas dúvidas que você aí andante gostaria de saber.
Paula, conta para a gente um pouco de você.
Bom, eu tenho Amiotrofia Espinhal e uso cadeira de rodas desde os 11 anos. Hoje, com 24 anos, sou recém-formada em Administração e moro na Bahia. Adoro estudar, gosto de aprender e me considero uma pessoa bastante determinada.
Agora uma pergunta polemica: para você, como é ser cadeirante?
É engraçado pensar em mim mesma como cadeirante porque eu nunca me vi dessa forma. Sempre levei uma vida muito normal, dentro do possível. Minha deficiência nunca foi empecilho para que eu pudesse alcançar os meus sonhos e objetivos. Claro, algumas coisas sempre foram mais difíceis para mim, mas eu tive a sorte de ter uma família muito acolhedora e equilibrada que me deu base para ser quem eu sou hoje.
A vida de cadeirante tem seus percalços, claro, mas, de um modo geral, eu levo a minha vida de forma mais normal possível e, por causa disso, percebo que as pessoas ao meu redor tem a mesma percepção de mim.
Quando você se lembra que é cadeirante?
Quando sinto que sou tratada com pena ou como se minha deficiência me tornasse incapaz de realizar alguma tarefa. Acho que a pior forma de preconceito é a subestimação.
E na sua época de escola, como foi? Passou por algum problema? Já que a acessibilidade era praticamente nula.
Nunca tive problema algum na escola ou na faculdade. Aonde não havia acessibilidade sempre tive a sorte de contar com pessoas de boa vontade que me ajudavam. Meu pai também sempre foi muito presente em minha vida escolar e se cheguei aonde estou hoje é por causa dele.
Você teve a oportunidade de fazer algo que ainda é considerado raro para nós cadeirantes. Como os dois intercâmbios aconteceram na sua vida e como foram as duas experiências?
Eu sempre tive esse sonho de fazer intercâmbio, mas, por diversas vezes e por vários motivos, isso sempre pareceu ser um sonho distante.
A minha primeira viagem internacional aconteceu na Irlanda na qual eu tive uma amiga me acompanhando e foi uma experiência absolutamente incrível. Eu passei sete semanas numa cidade chamada Limerick onde eu estudei inglês na universidade local. Na segunda viagem eu consegui uma bolsa de estudos do governo canadense e fui estudar lá por quatro meses. A viagem para o Canadá foi completamente diferente porque eu fui sozinha para cursar o último semestre do curso de Administração em um college. Mas apesar de ter ido sozinha, fiz várias amizades lá, inclusive com uma colega brasileira que me auxiliou muito em todo o período.
O Canadá é um país incrível, completamente acessível, até mais que a Irlanda e eu fui muito bem acolhida em ambos os países. Posso dizer, com toda certeza, que essas viagens foram a melhor coisa que já fiz na vida.
Do ponto de vista de uma pessoa com deficiência, quais foram os desafios e dificuldades nas suas viagens?
Mesmo tendo companheiros de viagem, um intercâmbio é, claro, uma realidade bem diferente daquela que estava acostumada no meu dia a dia e eu tive que aprender, às vezes do modo mais difícil, a me tornar mais independente.
Como cadeirante eu sempre contei com o apoio da minha família para tudo que precisava, mas viajando eu tive que aprender a cuidar de mim mesma. Na viagem para o Canadá as dificuldades foram maiores, mas essa foi também uma fase de muito crescimento pessoal e hoje posso dizer que sinto muito orgulho de mim por ter vencido cada obstáculo.
Contudo, em ambas as viagens eu fui muito abençoada de poder contar com pessoas maravilhosas que cruzaram o meu caminho e se tornaram grandes amigos. Também recebi muito apoio do college canadense que foi essencial para que tudo corresse bem durante o tempo que passei lá.
Você experienciou alguma forma de preconceito no exterior?
Quando eu ganhei a bolsa para estudar no Canadá, um dos colleges se recusou a me receber. Eles alegaram que tinham receio de que algo me acontecesse e que a responsabilidade recaísse sobre eles. Em função disso, naquele ano, perdi a bolsa e me senti completamente injustiçada. No ano seguinte eu me candidatei novamente ao programa e optei por outro college que, para a minha surpresa, teve uma reação totalmente diferente a do college anterior. Fui recebida por esse college com muito carinho e eles foram extremamente atenciosos comigo do começo ao fim.
Para encerar, qual a mensagem que você deixaria para os leitores do Amor Pela Vida?
Primeiramente quero agradecer você pelo espaço no seu blog e por contar um pouco da minha história para os seus leitores e espero que o meu exemplo sirva como ajuda para os cadeirantes e deficientes de modo geral que, assim como eu, tem o sonho de fazer intercâmbio.
Nada é impossível.
Paula Oliveira em Cranbrook, BC, Canadá |
Paula, conta para a gente um pouco de você.
Bom, eu tenho Amiotrofia Espinhal e uso cadeira de rodas desde os 11 anos. Hoje, com 24 anos, sou recém-formada em Administração e moro na Bahia. Adoro estudar, gosto de aprender e me considero uma pessoa bastante determinada.
Agora uma pergunta polemica: para você, como é ser cadeirante?
É engraçado pensar em mim mesma como cadeirante porque eu nunca me vi dessa forma. Sempre levei uma vida muito normal, dentro do possível. Minha deficiência nunca foi empecilho para que eu pudesse alcançar os meus sonhos e objetivos. Claro, algumas coisas sempre foram mais difíceis para mim, mas eu tive a sorte de ter uma família muito acolhedora e equilibrada que me deu base para ser quem eu sou hoje.
A vida de cadeirante tem seus percalços, claro, mas, de um modo geral, eu levo a minha vida de forma mais normal possível e, por causa disso, percebo que as pessoas ao meu redor tem a mesma percepção de mim.
Quando você se lembra que é cadeirante?
Quando sinto que sou tratada com pena ou como se minha deficiência me tornasse incapaz de realizar alguma tarefa. Acho que a pior forma de preconceito é a subestimação.
E na sua época de escola, como foi? Passou por algum problema? Já que a acessibilidade era praticamente nula.
Nunca tive problema algum na escola ou na faculdade. Aonde não havia acessibilidade sempre tive a sorte de contar com pessoas de boa vontade que me ajudavam. Meu pai também sempre foi muito presente em minha vida escolar e se cheguei aonde estou hoje é por causa dele.
Você teve a oportunidade de fazer algo que ainda é considerado raro para nós cadeirantes. Como os dois intercâmbios aconteceram na sua vida e como foram as duas experiências?
Eu sempre tive esse sonho de fazer intercâmbio, mas, por diversas vezes e por vários motivos, isso sempre pareceu ser um sonho distante.
A minha primeira viagem internacional aconteceu na Irlanda na qual eu tive uma amiga me acompanhando e foi uma experiência absolutamente incrível. Eu passei sete semanas numa cidade chamada Limerick onde eu estudei inglês na universidade local. Na segunda viagem eu consegui uma bolsa de estudos do governo canadense e fui estudar lá por quatro meses. A viagem para o Canadá foi completamente diferente porque eu fui sozinha para cursar o último semestre do curso de Administração em um college. Mas apesar de ter ido sozinha, fiz várias amizades lá, inclusive com uma colega brasileira que me auxiliou muito em todo o período.
O Canadá é um país incrível, completamente acessível, até mais que a Irlanda e eu fui muito bem acolhida em ambos os países. Posso dizer, com toda certeza, que essas viagens foram a melhor coisa que já fiz na vida.
Do ponto de vista de uma pessoa com deficiência, quais foram os desafios e dificuldades nas suas viagens?
Mesmo tendo companheiros de viagem, um intercâmbio é, claro, uma realidade bem diferente daquela que estava acostumada no meu dia a dia e eu tive que aprender, às vezes do modo mais difícil, a me tornar mais independente.
Como cadeirante eu sempre contei com o apoio da minha família para tudo que precisava, mas viajando eu tive que aprender a cuidar de mim mesma. Na viagem para o Canadá as dificuldades foram maiores, mas essa foi também uma fase de muito crescimento pessoal e hoje posso dizer que sinto muito orgulho de mim por ter vencido cada obstáculo.
Contudo, em ambas as viagens eu fui muito abençoada de poder contar com pessoas maravilhosas que cruzaram o meu caminho e se tornaram grandes amigos. Também recebi muito apoio do college canadense que foi essencial para que tudo corresse bem durante o tempo que passei lá.
Você experienciou alguma forma de preconceito no exterior?
Quando eu ganhei a bolsa para estudar no Canadá, um dos colleges se recusou a me receber. Eles alegaram que tinham receio de que algo me acontecesse e que a responsabilidade recaísse sobre eles. Em função disso, naquele ano, perdi a bolsa e me senti completamente injustiçada. No ano seguinte eu me candidatei novamente ao programa e optei por outro college que, para a minha surpresa, teve uma reação totalmente diferente a do college anterior. Fui recebida por esse college com muito carinho e eles foram extremamente atenciosos comigo do começo ao fim.
Para encerar, qual a mensagem que você deixaria para os leitores do Amor Pela Vida?
Primeiramente quero agradecer você pelo espaço no seu blog e por contar um pouco da minha história para os seus leitores e espero que o meu exemplo sirva como ajuda para os cadeirantes e deficientes de modo geral que, assim como eu, tem o sonho de fazer intercâmbio.
Nada é impossível.